terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sentimentos...


Por mais que tentarmos não há como fugir de certos sentimentos. Lentamente eles entram pelas frestas das janelas e portas, se enroscam nos pés da cama e se entrelaçam em nossos corpos enquanto dormimos. Eles chegam sem ruídos, nos contaminam em silêncio e quando nos damos conta, é tarde e ele já está ali existindo dentro de nós. E agora?

Devemos nos comportar como jardineiros em relação a alguns sentimentos, temos que cuidar deles como se flores raras fossem. É preciso ter mãos suaves ao tocá-los, porque são frágeis. Assim, é o amor, a confiança... Sentimentos que uma vez partidos, não voltam mais ao normal. São sentimentos que colados não servem mais, tampouco para enfeite ou simples uso.

Mas outros sentimentos vão existir eternamente em silêncio, dolorosamente dentro de nós, que aflorarão, vez por outra, como fenômenos naturais. Sentimentos que arrancam da cama no meio da madrugada para revirar velhos álbuns de retrato. Sentimentos vampiros que se alimentam de lágrimas para viver. Assim é a saudade, por exemplo.

Existem alguns que devemos ficar atentos. São sentimentos que chegam minando o corpo, escurecendo a alma, são gementes, que trazem dor, que ferem em silêncio e causam doenças. Esses devem ser podados e se possível, arrancados pela raiz. São assim a mágoa, a raiva, a solidão...

E há os sentimentos que aparentemente são descartáveis, que só nos damos conta de sua existência quando ele não está ali. E de repente a gente suspira baixinho e diz: “Tem algo faltando aqui”. São sentimentos que fortalecem outros sentimento, que nem fazem questão de aparecer, só querem estar ali de mãos dadas com aquele outro. Por exemplo, o amor e a cumplicidade, a amizade e a lealdade, a tristeza e a desesperança...

Como andam meus sentimentos? Tinha uma dor aqui no peito. E não sabia bem o que era. Então, me dei conta de que estava tudo uma bagunça só. Todos os sentimentos virados e revirados. Meus sentimentos pediam socorro dentro do meu peito num grito de dor que não se calou a noite inteira. Me pus por horas a arrumar a casa, a deixá-la harmoniosa novamente, colocando cada sentimento em seu lugar, jogando fora os que não valiam mais a pena e polindo aqueles que quero levar comigo. Cheguei no início dessa manhã bem cansado por conta da noite em claro, mas cheguei ao início dessa manhã de pé e com o melhor dos sentimentos reinando em mim. É! Eu, hoje, amanheci em paz.

Um comentário:

  1. Muito bom texto João! De tempos em tempos essa angústia bate em todos nós...

    ResponderExcluir