domingo, 30 de maio de 2010

Momento

Não seja impaciente naqueles dias em que se sentir titubeante e inseguro. Lembre-se que haverá o momento certo de avançar, firme e cheio de coragem. Espere!


Não fique se debatendo quando todos os seus sonhos parecerem estar aprisionados numa torre demasiadamente alta. Chegará o momento em que ela acabará cedendo, como que por encanto, e você poderá abraçar mais uma vez a sua própria amplidão. Aguarde!


Não caia em desespero quando os seus sentimentos e pensamentos parecerem estar cobertos por uma névoa e confusos, gerando inquietação e dificuldade até para realizar as coisas mais simples. Certamente haverá o momento para você retome sua própria lucidez. Confie!


Não se revolte quando parecer faltar até mesmo um ideal, um objetivo, uma meta pela qual lutar. Chegará o momento em que você verá, com bastante clareza, o novo caminho a seguir. Acredite!


Não se sinta aflito quando parecer incapacitado de interagir ou de participar da grande correnteza da vida. Chegará o momento para você se entregar todo, e dar o seu melhor na alegria da interação e do compartilhamento. Relaxe!


Não se torture quando as circunstâncias estiverem confusas, lhe obrigando a ficar em cima do muro. Chegará o momento em que você poderá descer, crescer e se enriquecer no desafio da descoberta. Tranquilize-se!


Ao final, você saberá que mesmo aos trancos e barrancos, viveu intensamente e não foi apenas um mero espectador da existência. Descobrirá que as crises serviram apenas como meros rascunhos dos fatos que hoje compõem o livro da sua vida.

domingo, 16 de maio de 2010

Desejos

Você já parou para pensar quantas coisas existem na vida que podemos dizer: "Isto sim, vale a pena”?


Seja como for, creia, tudo tem valor, tudo vale a pena!


Por pior que pareça, nada que existe é inútil, supérfluo e fútil, cada coisa, cada momento têm um valor, basta saber trabalhar, direcionar e redirecionar, Isto ou o Aquilo, tornando-os fatos relevantes e expressivos em sua vida.


O que nos impulsiona nesta vida, são nossos sonhos e desejos. As pessoas que não encontram sentido algum na vida, certamente, não conseguirão perceber nenhum incentivo para se empenhar, e, estarão propícios a viverem tristes e aborrecidos; descrentes com a própria existência.


A possível falta de incentivo e da vontade de viver são fatores significativos para a falta de motivação e propósito na vida, ou seja, sonhar e desejar faz parte da essência humana, são os estímulos que dão significado a razão de existir. Mas ainda assim devemos estar em constante reflexão! Não devemos ultrapassar os limites dos desejos, não fazer com que eles, juntamente, com os planos tomem proporções que impossibilitem o crescimento, apenas, sugando tudo que há de bom na vida, deixando carentes de nutrientes as pessoas à nossa volta. Evite que seus desejos o dominem e controlem sua vida, engolindo e obstruindo todo o caminho a percorrer... Na realidade, nossos desejos, cuja essência é a raiz de nossa vida existencial, devem alimentar a nossa mente, fazê-la trabalhar e, transformá-los em realidade. Muitas dessas realidades que acontecerão ao longo da vida, não serão como gostaríamos que fossem. A vida em si, parece que não é bem do jeito que deveria ser, se a analisarmos bem.


Grandes conflitos estão acontecendo a nível mundial, países grandes engolindo pequenos países, discriminação social, doenças, mortes, violência, lágrimas e medo. Atualmente levamos uma vida de sustos e medos, talvez porque uns perderam a fé em si mesmos e na humanidade. Este é o problema de todos nós. Por isso não percamos a esperança por causa dos nossos próprios erros. Não vamos repetir o erro de perder a esperança na vida, só porque não temos mais esperança.


A vida apesar de tudo tende a caminhar em harmonia e serenidade, cabe a nós seguir o seu ritmo harmonioso, com muito amor ao próximo e em nós mesmos.... Sonhem, desejem, imponham metas, amem e vivam a Vida, para que tudo de fato valha a pena.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Deleta aí!

Que me perdoem os que sofrem de Alzheimer e até mesmo os que esquecem por “esporte”, mas esquecer é difícil. Algumas coisas marcam tanto positivamente como de forma negativa a vida que se torna um trabalho árduo limpar, são frases no livro da vida escritas com uma tinta tão forte que nenhuma borracha consegue apagar.


Não é saudável ficar preso ao passado, mesmo que ele seja repleto de coisas boas, pois desta forma perde-se a coragem de enfrentar a dura vida e acaba-se vivendo num mundo de ilusões. E as coisas ruins? Essas aí, com certeza, não devem ocupar prateleiras na cabeça.


Certamente um dos ingredientes da receita do sucesso é saber esquecer. A falta disso impede a plena realização. É indispensável saber contornar, substituir o desnecessário, retirar o que tanto pesa e não deixa andar.


Já pensou se o cérebro fosse um HD? Uma rápida formatação ajudaria bastante.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Falemos sobre afinidade...

A vida é realmente engraçada... do nada ela coloca pessoas no nosso caminho! Mas agora, o fato delas permanecerem, o motivo, se resume em uma simples palavra: Afinidade!


Mas o que viria a ser afinidade?


Uma espécie de cumplicidade que surge do nada, sem explicação aparente, uma atração até certo ponto espiritual, que consegue unir pessoas que muitas vezes mal se conhecem.


A Amizade é um vínculo afínico forte, é uma ligação que vem de uma convivência mais estreita. Para que uma amizade se desenvolva bem, é preciso haver essa afinidade, que justamente irá reafirma-la. Seria como se a pessoa muitas vezes “roubasse” seus pensamentos, pois passa a ter um ponto de vista parecido e às vezes idêntico ao seu.


É claro que não falo dessas amizades que se desmoronam ao menor desentendimento, mas sim dessas que resistem aos contratempos, à passagem do tempo, permanecendo imutáveis. E para que elas aconteçam, é imprescindível que haja esse sentimento de afinidade, como que selando o sentido da amizade.


É um sentimento que parece se manifestar antes das pessoas se conhecerem, tal sua sutileza.


É atemporal. Para que exista afinidade entre pessoas, não importa o tempo, a ausência, ou até mesmo a distância, sempre que se consiga contato, haverá o entendimento. Os sentimentos "batem", mesmo sem o contato pessoal, tudo fruto deste elo, quase espiritual, que une as pessoas. Mesmo que esta falta de contato se prolongue, ela permanece, mantém-se latente, como que esperando o reencontro.


É uma comunhão total de idéias. Pensa-se igual, a respeito dos mesmos fatos que as impressionam, comovem e sensibilizam. Nesses casos, a verdade é que as pessoas não precisam ter necessidade de explicação do que estão sentindo, basta um olhar para perceber o que outro quer, ou deseja dizer. Existe uma comunicação mental, um entendimento tácito, sem palavras.


A afinidade tem o poder de acentuar a sensibilidade das pessoas, por ser um sentimento único, discreto e totalmente independente. Só pessoas sensíveis conseguem desenvolvê-la adequadamente, pois nas questões "afínicas", não pode haver orgulho nem soberba, sempre exige uma dose de renúncia, pois muitas vezes precisamos superar nossa própria vaidade, para socorrer a um amigo. Afinidade é compartilhar momentos, ter perdas parecidas e idênticas esperanças, é saber trocar palavras sem abrir a boca, dialogar no silêncio, num simples olhar...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O maior João

Um chamado João


"João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?

Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?

Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
e precipites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?

E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?

Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar."


Carlos Drummond de Andrade - 22/11/1967 - Versiprosa



Quem era realmente João Guimarães Rosa? Sem dúvida, um dos maiores mineiros. João foi um intelectual que soube como poucos colocar no papel o sentimento, o espírito do sertanejo. Foi maior que seus livros. João foi mais "ser humano" que escritor. Embora consciente dos perigos que enfrentava, protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos na Alemanha Nazista; contou com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa atitude, ele e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985, o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.


Alguns dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar que viveu."


Como viveu... E ainda vive!