terça-feira, 5 de agosto de 2014

A vida sob uma ótica cristã



O livro “Cristianismo Puro e Simples” de C.S. Lewis teve seu conteúdo exposto inicialmente em suas palestras transmitidas em programas de rádio durante a II Guerra Mundial. O autor buscou curar os corações através de histórias, num mundo que perdera a sanidade, graças à própria crueldade humana.

O autor pondera que intencionalmente não oferecerá qualquer espécie de ajuda a quem esteja indeciso entre duas denominações cristãs. Proclama-se seguidor da Igreja Anglicana, mas em nenhum momento deseja promover qualquer espécie de conversão. De forma acertada, defende a fé comum dos cristãos.

O desnecessário confronto de teses religiosas, conforme entendimento de Lewis impede que as pessoas ingressem em alguma comunidade cristã.  As religiões que deveriam se atentar somente a salvar almas, tem encontrado na intolerância, motivo para guerrear.

Acertadamente e de forma intencional, Lewis se cala sobre pontos controversos. Todos tem uma opinião, mas ele mostra que o silêncio em determinados momentos também é uma forma respeito.

Inicialmente o autor destaca a sua concepção de Lei da Natureza Humana, a regra do certo e do errado, chamada também de Lei Natural. Como os corpos são regidos pela lei da gravitação, e os organismos pelas leis da biologia, assim também o ser humano possui uma lei própria. Enquanto aos organismos é vedada qualquer forma de escolha, ao homem é fornecida esta liberdade.

O ser humano está adstrito a diversas leis, como exemplo tem-se a gravitação, que sendo desobedecida o levará a ficar suspenso no ar, sem apoio e fatalmente cairá como uma pedra. O homem não pode desobedecer as leis que tem em comum com outros seres, mas somente aquela que o norteia de forma individual: a Lei Natural.
Todos sabem diferenciar o certo do errado, mas por diversas vezes, teimam em agir de forma errada.

O Ser humano, em qualquer parte do mundo, tem noção de que deve seguir a Lei Natural, comportando-se de uma maneira correta, mas na prática insiste em transgredir essa premissa.

Para Lewis, a Lei Moral não é um instinto particular ou complexo de instintos, é como um maestro que, regendo os instintos, define a melodia que chamamos de bondade ou boa conduta. Existe um Algo ou um Alguém por trás desta Lei Moral.

O Cristianismo leva as pessoas a se arrependerem e promete-lhes o perdão. Ele nada tem a dizer àquelas pessoas que não tem consciência de terem feito algo de que devam se arrepender e que não sentem a urgência de serem perdoadas. O Cristianismo foi feito para os humildes.

Quando nos damos conta da existência de uma Lei Moral, de um grande Poder por trás dela, e a infringimos, ficamos em dívida com esse Poder. A partir daí o cristianismo começa a falar nossa língua.

Se você é cristão, está livre para pensar que todas as religiões, mesmo as mais estranhas, possuem pelo menos um fundo de verdade.

A religião se espelha na guerra e em outros assuntos, quando mostra que o consolo é a única coisa que não pode ser alcançada é buscada diretamente. É inútil tentar obter o consolo sem antes enfrentar a consternação.

Para Lewis, existem quatro virtudes “cardeais” (prudência, temperança, justiça e fortaleza) e três “teológicas”(fé, esperança e caridade).

Deus concebeu a máquina humana para ser movida por Ele mesmo. Deus é o combustível que nosso espírito deve queimar, ou o alimento do qual o homem deve se alimentar. Deus não pode nos dar uma paz ou uma felicidade diferentes Dele mesmo, pois fora Dele elas não se encontram.

Para Lewis, o grande pecado é o orgulho. Não existe nenhum outro defeito que torne alguém tão repugnante como ele. O orgulho leva a todos os outros vícios; é o estado mental mais distante a Deus. Ele é a causa principal da infelicidade, significada inimizade. E não é só inimizade entre homens, mas também entre um homem e Deus. O orgulho é um câncer espiritual, corrói qualquer possibilidade do Ser conhecer o amor, a felicidade, o contentamento e até mesmo o bom senso. Afaste-se de pessoas orgulhosas, busque as puras de coração e que lhe tratam bem.

A virtude oposta ao orgulho na moral cristã é a humildade. O primeiro passo para adquiri-la é reconhecer o próprio orgulho.

Para Lewis devemos abdicar do orgulho humano, pois se buscarmos a nós mesmos, no fim só encontraremos o ódio, a solidão, o desespero, a fúria, a ruína e a podridão. Porem, se buscarmos a Cristo, o encontraremos; e, junto a com ele, encontraremos todas as coisas.